Aos oito anos João Carlos venceu um concurso tocando obras de Bach. Aos onze estudou com o melhor professor de piano do país: José Kliass, russo de origem judaica radicado no Brasil desde a Primeira Grande Guerra. Kliass teve como mestre Martin Krause, que por sua vez foi discípulo e secretário particular de Franz Liszt. Uma linhagem musical sólida. Aos vinte anos João Carlos Martins tocou no Carnegie Hall, patrocinado pela primeira-dama dos EUA, Eleanor Roosevelt.
Mas as mãos...
Em 1965, jogando futebol no Central Park, caiu e lesionou o nervo ulnar. Parou de tocar por um ano, com três dedos da mão direita atrofiados em decorrência do acidente.
Sete anos mais tarde, à base de muita fisioterapia, retomou a carreira. Aclamado pela crítica e pelo público, desenvolveu um distúrbio osteomuscular causado pelo piano. Teve que desistir mais uma vez.
Mais tarde, teimosamente, reiniciou a carreira musical. Fez adaptações para continuar tocando e gravou toda a obra de Bach, mesmo com os membros debilitados. O público o recebeu de volta. Porém em 1995, em Sófia, na Bulgária, assaltantes o golpearam com uma barra de ferro na cabeça. Como sequela o braço direito ficou comprometido. Os tratamentos intensos o permitiram seguir tocando, mas além do braço a fala também foi afetada. Grava um último álbum com as duas mãos.
Nosso pianista segue tocando apenas com a mão esquerda até que, em 2003, seu braço esquerdo perde a função e sofre uma cirurgia na tentativa de corrigir o problema. Ele perde os movimentos da mão e é forçado a desistir.
João volta-se para a regência. E desenvolve uma distonia no braço esquerdo.
Alguém lá em cima não quer que ele se dedique à música...
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